Inconsciente Contradição

Sou o giz que percorre a lousa, guiado pelas mãos do professor. 
Sou a ave que estende vôo fugindo do frio ao calor. 
Sou o alento do pobre, a fome do mendigo, a sede do nordestino, sou o espinho, mas também sou a flor. 
Sou o deserto em rios, sou as lágrimas de alegria, os sorrisos de tristeza por algo que se findou. 
Sou a paz que clama guerra, o movimento que é incerto, o cume que desaba, a riqueza que não tem valor. 

Cômico, dicotômico, ímpar em par, e pá sem chão. 

A incerteza que habita em mim, fora punhados de certezas que arrecadei dos outros. E, tudo que aprendi fora me ensinado no colégio dos doutos, sábios da vida que só acumularam dores.
 
Quem prega alegria, quase sempre colhe tristeza. Mas, quem prega verdade, colhe bens muito maiores que a natureza poderá compreender, que um autor poderá escrever e que um cego obtenha clareza.
 
Não somos setas, mas todos os dias apontamos para um rumo, sugerimos rotas e direções. Mas, onde conseguimos essa certeza? O que temos são dúvidas, do caminho a seguir, da escolha perfeita, do conforto de uma roupa, da suavidade da pele, da angústia vindoura e da liberdade de poder decidir por qualquer uma destas. 

Vos digo, a liberdade está guardada em uma caixinha inconsciente, cercada de torrentes e por pensamentos de dor. Quem quiser atravessar esse deserto, deve possuir fiel desatino, lidar com o seu incerto e sair de seu confino. 

Erickson Lima 

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