Palavras


Na vida existem dois tipos de palavras. O primeiro, é composto pelas palavras passageiras, que como o vento tocam a todos, mas não conseguem penetrar no mais íntimo das pessoas e, consequentemente, não produzem frutos. O segundo, por sua vez, são as palavras únicas, que variam em contexto, porém, não em significado, tais palavras são eternas, fixando-se na memória e pulsando nos pensamentos.

Exige-se, no entanto, uma habilidade para reter as palavras únicas, que requer mais do que a mera atenção, e tão somente a consciência. Aspira-se algo mais delicado, uma caridade potente e um certo nível de humildade. 

As palavras passageiras necessitão apenas de visão e de audição, pois possuem um significado marcante, são dotadas de ciência, porém não provocam no espírito um desejo maior, passam-se os dias e elas findam. As palavras únicas, antigas como são, possuem uma essência mais Divina, pois elas são compostas por fragmentos de um amor, companhia, virtude, apresso e solidariedade. Tais palavras ao serem ouvidas, devem ser meditadas e refletidas. Ora, a semente jogada em solo seco, necessita de água para poder germinar. Quero dizer, que não existem frutos em solo infértil, muito menos em pedras frígidas. 

Quando meditamos uma palavra eterna, encontramos no Verbo aquilo que nos pertence, de onde partimos e para onde um dia retornaremos. Contudo, eis uma questão. As palavras tidas como únicas, não são suaves como as passageiras, nem adocicadas como as palavras de amantes. Elas, maiores e mais firmes que isso, às vezes são duras e retas, doem e machucam. Tais como lanças, se dirigem a nos ferir por um bem maior. 

Tal como se faz com uma árvore que é infértil, em que necessita-se que se provoquem marcas em seu caule, para que libere as suas toxinas. Do mesmo modo, devem ser provocadas as pessoas, para que liberem os seus males,  
ira, medo e  suas fúrias. Só assim, desse modo, é que poderão compreender a essência de si mesmas, escondidas em tais palavras.

Aquilo que é passageiro deve passar, mas aquilo que é firme deve ficar. Os que se apegam em palavras passeiras morrem assim como os autores destas. Porém, os que se fixam em palavras únicas, não morrem, se eternizam, assim como elas, na memória daqueles que, tão delicadamente irão as receber de geração em geração. 

Portanto, sede terra fértil, úmida e germinante. Permita-se germinar, para ser consumida. Permita-se enraizar nas coisas que são boas. Às coisas más, deixem que passem, tal como o vento ao balançar dos galhos, que depois da brisa, continuam firmes e fortes à luz do sol. 

Erickson Lima

Comentários

  1. Texto Incrível, palavras radiantes que penetram a alma de forma prazerosa e ao mesmo tempo reflexiva.👏🏻👏🏻👏🏻

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